O embate não dizia respeito à defesa do que já ficara
sepultado no passado - a economia exportadora e a sociedade agrária -,
não colocava em tela de juízo a necessidade ou não da industrialização. O
que estava em jogo, isto sim, eram dois estilos de desenvolvimento
econômico, dois modelos de sociedade urbana de massas: de um lado, um
capitalismo selvagem e plutocrático; de outro, um capitalismo
domesticado pelos valores modernos da igualdade social e da participação
democrática dos cidadãos, cidadãos conscientes de seus direitos,
educados, verdadeiramente autônomos, politicamente ativos. Portanto,
1964 representou a imposição, pela força, de uma das formas possíveis de
sociedade capitalista no Brasil.
João Manuel Cardoso de Mello e Fernando A. Novais. Capitalismo tardio e sociedade moderna. In: Lilia M. Schwarcz. História da vida privada no Brasil (4). São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 617-8 (com adaptações).
Com
o auxílio do texto, julgue o item seguinte, relativo ao quadro
brasileiro preexistente à ruptura institucional de 1964 e ao significado
histórico desse golpe.
É inegável o peso da Revolução Cubana sobre o imaginário brasileiro - e latino-americano - naquele período: de um lado, embalava a utopia revolucionária e os sonhos reformistas; de outro, acenava com a possibilidade de reformas graduais e controladas, o que interessava aos setores direitistas e conservadores.