Uma mulher com 59 anos
de idade procurou o serviço de pronto-atendimento de um hospital com
queixas de desmaio e mal-estar. Relatou que há cinco dias procurou
atendimento médico, em outro hospital, após ter apresentado um episódio
de perda de consciência, com duração de 5 minutos, seguido de
desorientação. Naquela data, foi diagnosticada infecção no trato
urinário por E. coli e iniciado tratamento com ciprofloxacino. No
atendimento em apreço, referiu episódio semelhante ao anterior de perda
de consciência, associado a dor em região precordial com irradiação
para o dorso e dispnéia. Foi mantida em observação no pronto-socorro e
foram solicitados exames laboratoriais, eletrocardiograma e radiografia
do tórax. A paciente tem antecedentes de cardiopatia chagásica, nas
formas dilatada e arritmogênica, faz uso de medicamentos diuréticos e
vasodilatadores, além de marcapasso cardíaco definitivo há 7 anos,
devido a taquicardia ventricular sustentada não-revertida após ablação
cardíaca. O exame físico realizado na admissão do pronto-socorro mostrou
paciente consciente, orientada, com ritmo cardíaco regular e sem
turgência jugular. No aparelho respiratório identificou-se inspeção
pulmonar estática e expansão pulmonar sem anormalidades, murmúrio
vesicular fisiológico em toda extensão do tórax e presença de
crepitações em bases pulmonares. O abdome da paciente é semigloboso,
normotenso, indolor, sem visceromegalias e com ruídos hidroaéreos
normoativos. As extremidades, mal perfundidas, não apresentam edemas. A
pressão arterial era de 70 mmHg × 50 mmHg, a freqüência cardíaca, de 80
batimentos por minuto e a freqüência respiratória, de 30 movimentos
respiratórios por minuto. Foi instalado acesso venoso central em veia
subclávia para medida de pressão venosa central (PVC), que revelou 9 cm
de H2O, não havendo sinais radiológicos de intercorrência pós-punção.
Após um dia de internação no pronto-socorro, a paciente mantinha-se
consciente, orientada e hipotensa. Em radiografia de tórax, foi
observado imagem de derrame pleural à esquerda, extenso, sendo drenado
1.500 mL de transudato citrino. Permaneceu no box de emergência
quando iniciou quadro de dispnéia, sudorese, palidez cutânea, vômitos e
hipotensão arterial (70 mmHg × 40 mmHg). Foi transferida para uma
unidade de terapia intensiva (UTI). Iniciadas a hidratação venosa, a
administração de aminas vasoativas (dobutamina a 15 mL/h e noradrenalina
a 20 mL/h) e a oxigenoterapia por cateter nasal a 2 L/min, evoluiu com
piora geral do quadro, instabilidade hemodinâmica, dificuldades
respiratórias e relato de parada de eliminação de flato e fezes. Foi
necessária entubação e manutenção sob ventilação mecânica na modalidade
controlada a volume. Foram realizadas sondagem nasogástrica e
cateterismo vesical. A paciente seguiu com quadro grave, inconsciente,
com ventilação mecânica, fração inspirada de oxigênio (FiO2) de 50%,
pressão arterial variando entre 45 mmHg × 25 mmHg e 93 mmHg × 35 mmHg,
PVC entre 17 cm e 23 cm (de H2O) e diurese de 10 mL/h. Passou a
apresentar temperaturas elevadas (acima de 38,8 ºC). Foi realizada
drenagem de tórax à esquerda, com dreno em selo de água (dreno com
secreção serohemática).
Com relação a este caso clínico hipotético, julgue o item seguinte.
A dobutamina pode ser diluída em solução fisiológica ou glicosada isotônicas, conforme prescrição médica, e deve ser conectada a um controlador intravenoso ou uma bomba de infusão que permita o fornecimento seguro e exato da medicação a 5 gotas por minuto, considerando, para cálculo, o fator de gotejamento do equipo igual a 20.